Eduardo Bolsonaro em Washington: Diplomacia ou "Kamikaze" para o Brasil?
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continua em Washington, D.C., em uma movimentação que tem gerado controvérsia e preocupação nos círculos políticos e diplomáticos brasileiros. O objetivo de sua visita seria solicitar uma nova rodada de sanções contra o Brasil, com foco especial na aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. As discussões se estendem ao Departamento de Estado e à Casa Branca, conforme apurado por diversas fontes.
A iniciativa de Eduardo Bolsonaro ocorre em um momento de escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após o anúncio do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, a partir de 1º de agosto. Trump ligou explicitamente a imposição dessas tarifas às ações judiciais que pesam contra Jair Bolsonaro no Brasil, afirmando que o ex-presidente "não é um homem desonesto" e que ele seria vítima de uma "caça às bruxas".
"O presidente Bolsonaro é um bom homem. Conheci muitos primeiros-ministros, presidentes, reis e rainhas, e sei que sou muito bom nisso. O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo brasileiro. Ele lutou muito pelo povo brasileiro."
– Donald Trump, ex-presidente dos EUA.
Essa retórica de Trump tem sido prontamente capitalizada por aliados de Bolsonaro no Brasil, que a utilizam para alimentar a narrativa de perseguição política. No entanto, no cenário doméstico, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já classificou Jair Bolsonaro como "líder" de uma organização criminosa e "principal articulador" da tentativa de golpe de Estado em 2022. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, nega qualquer envolvimento, e a ação deve ser julgada ainda neste semestre pelo STF.
A manobra de Eduardo Bolsonaro em solo americano é vista por muitos como uma perigosa interferência externa com fins políticos e pessoais. A vinculação das tarifas americanas à situação jurídica de Bolsonaro, feita pelo próprio Trump, revela o uso de ferramentas econômicas com clara motivação política. Analistas e diplomatas temem que o Brasil, já fragilizado por sua instabilidade interna, se veja ainda mais pressionado internacionalmente por interesses que vão além das relações bilaterais.
"É uma estratégia política que usa a economia como arma. O impacto será sentido por toda a cadeia produtiva, desde o pequeno agricultor até as grandes indústrias. É fundamental que o governo brasileiro atue diplomaticamente para reverter essa situação ou buscar novos mercados secundários."
– Análise de mercado
Além da pressão internacional, as ações de Eduardo Bolsonaro também abalam as relações internas no campo político. Há relatos de ataques do deputado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tenta se desvincular da crise judicial envolvendo Bolsonaro. Parlamentares, inclusive do próprio PL, criticam a postura de Eduardo, classificando-a como uma tática "kamikaze" que pode prejudicar o campo político para 2026 e até mesmo tirar Tarcísio de uma eventual disputa presidencial.
"Eduardo [Bolsonaro] deu 'tiro no pé'."
– Deputado do PL.
A aparente satisfação de Eduardo Bolsonaro com a possibilidade de o Brasil "virar Venezuela" caso isso leve ao desfecho político desejado levanta sérias questões sobre suas prioridades e a lealdade à nação. Enquanto o governo brasileiro tenta articular uma resposta diplomática para evitar o impacto total das tarifas, a atuação do deputado sublinha a complexidade do cenário político atual e os riscos de manobras que podem custar caro a todos os brasileiros em nome de agendas particulares.
