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A Lógica Perfeita do Tarifaço: Tarcísio, O Boné e a Economia

Publicado em: 15 de agosto de 2025 Por: Redação Redondeta Em: Opinião

Em um espetáculo de coerência política e diplomática, o Brasil se viu em um dilema digno de uma comédia de erros. De um lado, o presidente Donald Trump, o eterno benfeitor da política brasileira, resolveu nos presentear com um "tarifaço" de 50% nas nossas exportações. Do outro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o herdeiro político que sempre soube onde estava o seu boné, se deparou com a lógica perfeita de seu próprio alinhamento.

É uma situação deliciosa, se pensarmos bem. O Brasil, que tem o azar de ser a 15ª economia do mundo, foi agraciado com uma medida que vai prejudicar... bem, a gente. Mas a culpa, é claro, não é do padrinho americano. Não, a culpa é da "divisão interna" e da "exploração política" que o governador tanto criticou. Ora, como poderia ser diferente? A soberania nacional, segundo a nova lógica, é ameaçada não por sanções de potências estrangeiras, mas por aqueles que ousam reclamar delas.

Enquanto o PIB paulista estremece e até 120 mil empregos flertam com a saída, Tarcísio, em um movimento de pura maestria, fez o que era preciso: cobrou o governo federal. Afinal, por que Lula não ligou para o Trump? Como se a diplomacia entre chefes de estado fosse um bate-papo de comadres e não uma complexa engrenagem de negociações. O governador, com sua visão técnica, sabe que a solução para um problema criado por ideologia é mais... ideologia.

O que mais impressiona é a sincronia. Enquanto o filho do "capitão" se dedicava a ir aos Estados Unidos para pedir sanções contra o Brasil, o governador, que deveria ser o principal defensor do estado mais rico da federação, se viu em uma sinuca de bico. E o que fez? Pediu união. Pediu que as pessoas parassem de "tirar proveito político" da situação, como se as tarifas de 50% fossem uma mera abstração filosófica e não uma catástrofe econômica iminente.

No final das contas, o "tarifaço" de Trump não foi um ato de agressão econômica, mas um teste de lealdade. Um teste para ver quem era mais fiel: o governador aos interesses de seu estado, ou o político ao seu alinhamento ideológico. A resposta, ao que parece, já foi dada. Tarcísio, o gestor, se viu refém de Tarcísio, o bolsonarista. E enquanto ele tenta desvendar este paradoxo, as empresas de São Paulo continuam esperando pela lógica perfeita que transformará perdas bilionárias em vitórias políticas.